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Diga adeus aos seus aparelhos de ar condicionado e ventiladores, em vez disso, mantenha-se fresco com... tinta?

Isso mesmo - revestir sua casa com a tinta mais branca do mundo poderia ajudar a evitar o calor do verão e, ao mesmo tempo, ajudar o planeta.

De acordo com os engenheiros da Universidade de Purdue que criaram a tinta, ela eliminaria nossa necessidade de usar aparelhos de ar condicionado, enviando o calor para longe dos edifícíos em vez de absorvê-lo. E, é claro, se um edifício não fica quente, não precisamos usar máquinasque consomem energia para resfriá-lo.

Eles estimam que apenas 0,5 - 1% da superfície da Terra (por exemplo, telhados de edifícios) precisariam ser revestidos com esta tinta para reverter o atual aquecimento global.

Esta nova formulação ultrabranca e o "Vantablack", o preto mais preto, são como Yin e Yang. O Vantablack absorve até 99,9% da luz visível, enquanto a tinta branca mais branca reflete até 98,1% da luz do sol.

"Se você usasse esta tinta para cobrir uma área de telhado de cerca de 91,9 metros quadrados, estimamos que você poderia obter uma potência de resfriamento de 10 kilowatts, que é mais do que possuem os condicionadores de ar centrais usados pela maioria das casas", explicou Xiulin Ruan, um professor de engenharia mecânica da Purdue.

Além de refrigerar sua casa, a tinta também poderia esfriar a superfície da terra. De acordo com os pesquisadores, aplicar a tinta em estradas, telhados e carros compensaria alguns dos efeitos dos gases de efeito estufa criados por eles. 

"Não estamos enviando o calor da superfície para a atmosfera. Estamos apenas despejando tudo no universo, que é um dissipador de calor infinito", disse Xiangyu Li, que trabalhou neste projeto como estudante de doutorado no laboratório de Ruan.

Câmera infravermelha mostra um exemplo da tinta mais branca (o quadrado roxo menor) resfriando a placa abaixo da temperatura ambiente.

Mas o que torna a tinta mais branca tão branca?

O mesmo composto químico utilizado para fazer papel fotográfico branco e cosméticos - sulfato de bário. A alta concentração deste composto confere à tinta sua brancura intensa.

 

"Nós examinamos vários produtos comerciais, basicamente qualquer coisa que fosse branca. Descobrimos que usando sulfato de bário você pode teoricamente tornar as coisas realmente, realmente reflexivas, o que significa que elas seriam realmente, realmente brancas". - Xiangyu Li

Além disso, as partículas de sulfato de bário na tinta têm tamanhos diferentes. As partículas dispersam diferentes quantidades de luz dependendo de seu tamanho, portanto, ter uma variedade de tamanhos garante que a tinta disperse uma maior parte do espectro luminoso.

"Uma alta concentração de partículas com tamanhos diferentes dá à tinta a mais ampla dispersão espectral, o que contribui para a maior reflectância", explicou Joseph Peoples, estudante de doutorado em engenharia mecânica na Purdue.

O professor Xiulin Ruan segura a amostra da tinta mais branca conhecida, produzida por seu laboratório

É possível tornar a tinta mais branca ainda mais branca, mas não sem sacrificar sua qualidade. Atingir uma reflectância ainda maior é inútil se a tinta não tiver a viscosidade adequada para ser aplicada com um pincel, rolo ou pulverizador.

"Embora uma maior concentração de partículas seja melhor para deixar algo branco, não se pode aumentar muito essa concentração. Quanto maior a concentração, mais fácil é para a tinta quebrar ou descascar", disse Li.

Os efeitos de resfriamento da tinta têm sido medidos em  condições externas variadas. Ela pode manter as superfícies 7,2°C mais frias do que a temperatura ao redor à noite e 13,3°C mais frias sob forte luz solar. Funcionou até mesmo durante o inverno!

 

"É muito contraintuitivo que uma superfície sob luz solar direta seja mais fria do que a temperatura que a estação meteorológica local reporta para essa área, mas nós mostramos que isso é possível." - Xiulin Ruan

Xiulin Ruan in lab with whitest paint

A tinta mais branca aparece na seção “Meio Ambiente” do livro do Guinness World Records 2022.

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Créditos da imagem: Purdue University/Jared Pike; Joseph Peoples